A história de Fábia Maia é uma narrativa de persistência, de raízes familiares e de uma voz que se constrói entre a intimidade e a partilha. Desde cedo, Fábia transformou a escrita e a música em formas de se compreender e de se relacionar com o mundo, cruzando memórias, afetos e inquietações.
Os primeiros passos deram-se de forma simples, quase caseira: versões acústicas de temas de hip-hop nacional que publicou a partir de 2014 no YouTube, revelando uma autenticidade que rapidamente conquistou atenção.
Chegamos agora a Quarto Vivo (Live Performance), o mais recente EP, que lhe dá talvez a expressão mais fiel até hoje. Um quarto vivo é, afinal, o espaço íntimo onde a música nasce e onde se experimenta. E este registo ao vivo é precisamente isso: uma partilha sem filtros, em que canções como Tu Beija-me revelam a sua força maior no momento em que são cantadas e sentidas, diante de quem escuta.
Com o tempo, Fábia Maia deixou de ser apenas intérprete para assumir-se como compositora. O EP Melodia-me, em 2017, marcou essa viragem. Mais tarde, com Dilória, mostrou uma maior maturidade artística, aprofundando uma identidade que cruza o R&B, o soul e a canção portuguesa, sempre com um olhar muito pessoal. A participação no Festival da Canção, em 2021, com Dia Lindo, trouxe-lhe alguma visibilidade e consolidou-a como uma das vozes emergentes mais promissoras da nova música portuguesa.
Neste novo trabalho, Fábia Maia mostra-se segura da sua voz e do seu lugar, mas também vulnerável, como quem convida o público a entrar no seu quarto, a testemunhar o processo criativo sem paredes, como que um regresso às origens que a fizeram conhecida: o formato acústico, visceral e em que o seu característico timbre pode brilhar de forma especial.
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