Afonso Rodrigues, conhecido pela sua carreira em inglês com os Sean Riley & The Slowriders ou Keep Razors Sharp, dá agora corpo a uma nova fase, mais íntima e introspectiva, culminando no álbum “Areia Branca“, uma das melhores supresas do ano.
Canções como “Já Nem Sei” e “Onde Foi” desenham um território de finitude, saudade e amor calado que Afonso apresenta nesta sua estreia em Português.
Musicalmente, Areia Branca surpreende: combina a guitarra clássica com arranjos eletrónicos minimalistas e laivos de rock como em “Funchal”. A produção de Filipe Costa (Slowriders) dá ao disco uma textura moderna, sem trair a essência do cantautor. É um álbum que soa antigo e novo ao mesmo tempo, como quem escreve cartas com um sintetizador nas mãos.
Cada canção parece um capítulo de uma jornada de interioridade, marcada por ausência, memória, finitude e, por fim, uma certa aceitação.
A ausência (de alguém, de tempo, de certezas) é uma presença constante. Mas não há lamento gratuito. Há contemplação, como se Afonso estivesse a escrever de dentro do silêncio, com um olhar que percorre os caminhos do sentir.
Uma das mais luminosas canções do álbum – “Um Amor Qualquer” recebeu agora uma versão 2.0, em versão dueto com Catarina Salinas (vocalista dos Best Youth).
Areia Branca é um disco que pede para ser ouvido à antiga, do princípio ao fim, com atenção e sem pressa.
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