A história dos Big Thief tem sido marcada por uma procura constante de intimidade e transcendência. Desde os primeiros álbuns, a banda norte-americana tornou-se num dos nomes mais respeitados do folk alternativo contemporâneo, equilibrando a vulnerabilidade das composições de Adrianne Lenker com a força coletiva de um grupo que sempre privilegiou a partilha e a espontaneidade.
Com o passar dos anos, cada disco trouxe novas camadas de experimentação e novas formas de explorar a poesia e o silêncio, mantendo intacta a ligação emocional com o público.
Em Double Infinity, lançado a 5 de setembro de 2025, a banda apresenta-se pela primeira vez como trio, após a saída do baixista Max Oleartchik. Gravado em Nova Iorque, em sessões ao vivo marcadas pela improvisação e pela presença de músicos convidados, o álbum abre espaço para paisagens sonoras mais meditativas, onde o folk se entrelaça com elementos de ambient e espiritualidade.
Este é decididamente um dos pontos altos da discografia dos Big Thief, em que a maturidade da escrita de Adrianne Lenker se cruza com a coragem em não repetir fórmulas, escolhendo a fragilidade e a imprevisibilidade como forças criativas. Entre canções como “Incomprehensible”, “Grandmother” e “How Could I Have Known”, há uma linha que liga a delicadeza do folk à dimensão expansiva de um som quase cósmico.
Não é uma audição para singles, é um álbum para se deixar entrar no universo dos Big Thief e viver a experiência por inteiro, sem pressa, sem interrupções mundanas.
Há uma intencionalidade em afastar-se da lógica do mercado e da playlist. Double Infinity é um convite a desligar do ruído do quotidiano e a permanecer no momento, com uma atenção quase meditativa.
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