“Melancólico Dançante“, o mais recente trabalho de Valter Lobo, é uma viagem emocional que dança entre o caos e a reconstrução como se os ares da América Latina tivessem soprado uma nova luz sobre o seu universo poético
Depois de um percurso pautado pela introspeção, lirismo e uma abordagem mais acústica à canção, Valter Lobo regressa com um disco que conserva a sua identidade poética, mas arrisca novas cores talvez mordido “pela viagem mais bonita rumo ao sul” (em “Havia Fogo”), entrega-nos uma dança de enamoramento e dedicatórias entre o real e o ideal ficcional que sempre acompanharam o seu trabalho.
Aqui, a melancolia não se esconde, ela dança. E é nesse contraste que o álbum ganha força.
A expressão “melancólico dançante” que dá nome ao disco não parece ser apenas uma provocação poética, mas sim, um Manifesto estético. Neste trabalho, Valter ainda que não abandonando as suas temáticas habituais: o amor que transforma, a beleza e o medo de perder e a melancolia do tempo, fá-lo agora com beats discretos e sintetizadores subtis. O corpo é convidado a reagir, a dançar, a sentir..
O resultado é um disco que oscila entre o contemplativo e o pulsante, entre o quarto sombrio e a pista de dança emocional e íntima, visivelmente influenciado pelas experiências que Valter Lobo viveu no Brasil.
O primeiro single, “Ainda Ontem Tinha Céu” é talvez a entrada mais impactante do álbum («Ainda ontem tinha céu/Hoje eu desço ao inferno»), que prepara o terreno para “Cinema ou Real”, onde o artista parece perdido entre o Amor vivido e o Amor filmado.
Em “Aguarela”, Valter Lobo parecendo continuar no seu descorrer melancólico das (novas?) emoções do Amor, puxa para a pista de dança («Eu só consigo imaginar/Dançar com ela/Aguarela/Meu amor»)
Segue-se “Tão Perto” («Preciso de te ter tão perto/Mesmo sendo incerto») numa dedicatória com vários possiveis destinatários. A que se segue “Havia Fogo” e “Bom te ver” que levam a encontrar um caminho visual de acalmia e fascínio deste “Moleque” que “nanana eu não vou fugir/quero é ser Feliz” (em “Nanana”) que viaja num “campo de afeto e atenção/Em que és meu desejo, és o meu tesão” (em “Se é primavera”) – talvez o verso mais visceral de todo o disco.
Um enorme álbum que ainda ganha nova dimensão e roupagem ao vivo.
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