Três anos depois de WE, os Arcade Fire regressam com Pink Elephant, um álbum que parece menos interessado em impressionar e mais focado em dizer a verdade — mesmo que doa.
Este sétimo trabalho de estúdio mostra uma banda a navegar as suas próprias contradições: entre o ruído e o silêncio, entre a grandiosidade e a fragilidade. A produção, assinada por Win Butler, Régine Chassagne e Daniel Lanois, opta por um registo mais cru e íntimo, com menos camadas épicas e mais espaço para a vulnerabilidade.
Parece que os tempos de missas campais de Funeral ou Reflector já são coisas do passado e neste último álbum Win Butler e Régine Chassagne não pretendem sair da sua zona de conforto emocional, optando antes por mergulhar mais fundo nela.
O single de avanço, “Year of the Snake”, é um exemplo disso: melodia hipnótica, letra cortante e uma energia contida que não precisa de explodir para marcar. Outras faixas como “Stuck in My Head” and “Ride or Die” confirmam o tom do disco — há uma tensão emocional que atravessa tudo, como se a banda estivesse a tocar de dentro para fora, sem filtros.
É um disco para escutar com atenção, talvez até com alguma paciência — mas quem lhe der tempo vai encontrar a maturidade dos Arcade Fire a vir à tona.
Pink Elephant talvez não fique na memória coletiva como um dos álbuns mais emblemáticos da banda, mas marca um novo capítulo — menos épico, mais honesto e provavelmente, mais real.
Em tempos de reinvenção forçada, os Arcade Fire optam pela retração criativa — e nesse silêncio, ainda há ruído suficiente para nos fazer escutar.
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